Em Curralinho, no arquipélago do Marajó, a pescadora Rosineth Basto, de 53 anos, enfrenta um desafio que, infelizmente, já faz parte da história de sua família. Após perder o pai e a irmã para o câncer, ela descobriu, em 2024, que também estava com a doença - um tumor no ovário que só foi identificado quando já causava fortes dores abdominais.
O caso de Rosineth ilustra uma realidade preocupante: cerca de 80% dos diagnósticos de câncer de ovário ocorrem apenas quando a doença já está em estágios avançados. Esta característica faz com que seja conhecido como "inimigo silencioso" entre os especialistas.
"Começou com dores muito fortes. Fui ao hospital lá na ilha, fizeram uma ultrassonografia e descobriram que eu estava com um tumor, já um pouco avançado", relata Rosineth, que foi encaminhada ao Hospital Ophir Loyola (HOL), referência em oncologia no Pará.
Considerada a terceira neoplasia (tumor maligno) ginecológica mais frequente pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), atrás apenas do câncer do colo do útero e do endométrio, a doença representa um sério problema de saúde pública no Brasil.
Para o triênio 2023-2025, são esperados 7.310 novos casos anualmente no país, o que corresponde a aproximadamente 6,62 casos para cada 100 mil mulheres.
Na região Norte, o risco estimado pelo Ministério da Saúde é de 3,61 casos a cada 100 mil mulheres. Só no Hospital Ophir Loyola, no Pará, foram atendidas 379 mulheres com a doença entre janeiro de 2023 e abril de 2024.
A Dra. Danielle Feio, oncologista do HOL, explica que existem fatores de risco que devem ser observados e que podem ajudar na prevenção e no diagnóstico precoce.
"O câncer de ovário é uma doença muito agressiva. Costuma aparecer em mulheres a partir dos 50 anos, mas pode ocorrer naquelas mais jovens. Por isso, é bom se atentar para o tabagismo, obesidade, endometriose, nuliparidade (ausência de filhos) e histórico de câncer na família", alerta a especialista.
Entre as medidas preventivas essenciais, destacam-se:
O diagnóstico do câncer de ovário pode ser realizado por meio de diversos exames, entre eles:
"Se você nunca teve filhos ou já passou dos 50 anos, compareça anualmente ao ginecologista e peça o exame transvaginal. O diagnóstico precoce salva vidas. Tudo o que é diagnosticado precocemente tem maior chance de cura", ressalta a Dra. Danielle Feio.
Um exemplo notável de prevenção é o da atriz Angelina Jolie. Com histórico de câncer na família por parte da mãe e avó, a atriz descobriu ser portadora da mutação no gene BRCA1, um gene supressor de tumores.
Para prevenir o desenvolvimento da doença, Jolie optou pela remoção preventiva de ambos os ovários e mamas em 2015. Esta medida radical, conhecida como cirurgia profilática, é recomendada apenas para casos específicos com alto risco genético comprovado.
A análise de risco genético é um campo em expansão na medicina preventiva contra o câncer.
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