O Grupo de Trabalho (GT) que está formatando o sistema jurisdicional da Redd+, que significa Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal no Pará, realizou na última terça (11) e quarta-feira (12), em Belém, a terceira reunião para definir as bases da política jurisdicional ambiental.
O evento, organizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), envolve o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), a Organização Não-Governamental The Nature Conservancy (TNC) e entidades representativas dos povos e comunidades tradicionais do estado, entre eles o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS/PA), a Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa) e Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará (Malungu).
O GT está formando um plano de capacitação no âmbito de projeto da Iniciativa Internacional de Clima e Floresta da Noruega (NICFI) intitulado "Estabelecimento de um Sistema Jurisdicional de Redd+ usando o padrão ART Trees no Pará". Ao se adequar ao padrão de certificação do Art Tree (Architecture for REDD+ Transactions - Arquitetura para Transações de Redd+), o Pará se tornará elegível para negociações junto ao mercado voluntário de carbono.
A sigla Redd+ se refere à Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação florestal, considerando ainda as ações de conservação de estoques de carbono florestal, manejo sustentável de florestas e aumento dos estoques de carbono florestal. A Redd+ é um incentivo criado em novembro de 2013, durante a 19ª Conferência das Partes (COP-19), da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), em Varsóvia, Polônia, para recompensar financeiramente por Redução de Emissões de gases de efeito estufa provenientes do Desmatamento e da Degradação florestal, considerando o papel da conservação de estoques de carbono florestal, manejo sustentável de florestas e aumento de estoques de carbono florestal.
Segundo a diretora de Bioeconomia, Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais da Semas, Renata Nobre, o primeiro passo da construção será traçar um panorama dos atores envolvidos, dos impactos que a política irá gerar e de um mercado que já está em andamento.
"Em primeiro lugar, entendo que o estado precisa realmente abrir este espaço de conversa para ter um panorama completo e integral de todos os atores envolvidos, de todas as comunidades impactadas para que a gente possa traçar o melhor caminho, o melhor sistema jurisdicional para atender as necessidade de todos. As mudanças climáticas são fatores de impacto global, então, realmente os setores um pouco mais estruturados acabam tendo a oportunidade de gerenciar e executar as medidas, mas a gente precisa ter a noção completa do espaço de cada um e o impacto que cada um vai sofrer. Este é o primeiro ponto", frisou.
Como outro ponto, Nobre destaca que "o mercado já está em andamento, o que demanda que se tenha o entendimento do que já está sendo colocado em prática pelas empresas privadas, estabelecendo algumas regras de transição. É com base nesse ponto de partida que as equipes estão começando a trabalhar e a entender as suas dimensões, trazendo as experiências de mercado, no que já está sendo colocado. A busca é por formatar o melhor caminho para que o estado possa implementar o seu sistema jurisdicional e atingir o seu objetivo que é a redução das emissões", elencou.
"Estou chegando otimista porque é extremamente importante para a gente, enquanto organização e enquanto liderança, para que a gente consiga repassar, porque essa palavrinha Redd+ está dando o que falar. Precisamos fazer direito para convencer os nossos", afirmou Valéria Carneiro, coordenadora da Malungo.
Já o representante da Fepipa, José Urubatan Sompré, disse ser importante compreender sobre o assunto para repassar aos demais indígenas. "Vamos tentar entender, conhecer, colocar nossas contribuições, ver se o material produzido está adequado. Se é difícil para a gente que está aqui acompanhando, imagine como será na ponta, com nossas lideranças indígenas, que muitas vezes têm dificuldade até para compreender o português, mas chego aqui muito esperançoso", informou.
A assessora técnica e coordenadora de Mudanças Climáticas, Serviços Ambientais e Bioeconomia da Semas, Julianne Moutinho, apresentou os objetivos e desafios do grupo para a construção da política.
“É um momento muito importante, de construção de um trabalho desta envergadura, escutando, dialogando, conversando e achando soluções. Às vezes não tem uma solução, tem várias soluções, tem várias estratégias que a gente precisa descobrir. O nosso papel é executar a política, mas cada um tem o seu papel. E precisamos fazer com que, quem está lá na ponta, para reduzir as emissões, manter a floresta viva, manter a floresta em pé, também consiga entender o que é isso e qual é o objetivo disto", concluiu
Mín. 22° Máx. 32°
Mín. 21° Máx. 31°
Chuvas esparsasMín. 22° Máx. 29°
Chuva